segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Verdade

Às vezes sinto medo.
Isso me impele à buscar a verdade.
Não a refugiar-me na verdade,
A verdade não é refúgio,
A verdade é só a verdade.
E me pergunto o por quê,
De às vezes buscar a mentira.
São tantas.
Tantas mentiras e apenas
Uma verdade.
O medo impele à verdade.
A tranquilidade e a insegura à mentira.
Não iria querer assentir
Que devêssemos viver sob o medo.
Mas parece uma conclusão lógica
Se continuarmos naquela mesma linha
De raciocínio.
Viver sob o medo.
Não parece saudável,
nem justo.
Mas quem sabe seja a verdade.
Verdade.
Verdade.
Verdade.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Boa alma

- Filho, só um minuto.
- Pois não.
- Estava vindo por aquele banhado ali, bem tranquila, quando três cachorros que iam passando avançam em mim.
- Puxa.
- Moro eu com meu velho só, a gente morava no S. Sebastião, aí viemos para cá.
- Ah sim.
- A gente tem um fusca, mas meu marido saiu, e eu tive que vir apé.
- Cansa .
- O pior são esses cachorros, um me mordeu na canela, estou com medo até agora.
- Que coisa.
- Meus filhos moram pra lá, e somos pobres. É difícil ter que ficar andando por aí com perigo de cachorros soltos.
- Deveriam ter prendido.
- Tenho dois em casa, mas estão presos, nunca deixo que escapem.
- Assim que tem que ser.
- Bom, eu vou indo, muito obrigada pela atenção, você é um menino muito inteligente.
- Mora só a senhora com o velho?
- Sim.
- Espere um minuto.
- O que foi?
- Preciso te entregar isto.
- Não, não precisa, guarde.
- Por favor, aceite.
- Meu filho, você é um anjo que Deus colocou nesse mundo para ajudar as pessoas.
- Espero que sim.
- É evangélico?
- Graças a Deus.
- Vou à sua igreja qualquer dia.
- Isso, vai lá fazer uma visita, não pelo dinheiro, mas pela generosidade.
- Se cuide.
- Deus cuida de nós.
- Ele que te dê em dobro.
- Amém.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Palavras dignas de um louco!

Não consigo mais controlar minha loucura. Sinto que já estou atingindo uma nova fase, avanço mais e mais a cada semana. Meus distúrbios emocionais são cada vez mais intensos. Ontem me entreguei a uma explosão de cólera, nunca tinha deixado ela se exteriorizar, me irritava sempre e me irrito, mas o fato é que eu nunca tinha visto isto do lado de fora. Nesses últimos dias estou com uma obsessão tamanha por ser sincero, que se percebo que estou sendo um pouquinho hipócrita, já é motivo para a auto-punição. E me irritando ao máximo com uma circunstância tola, onde feito um serviço errado, tentaram fazer eu reconhecer meu erro dizendo que sempre fazia tudo errado. É claro que eu não faço tudo errado, de 20 serviços, talvez um saia errado, mas enfim, ignaros sempre generalizam. E o fato é que eu estava com pressa, tinha que ir até o centro de Curitiba na biblioteca trocar meus livros, já tinha-os em mente, Shakespeare e Bakunin. Naquela pressa minha cólera explodiu como nunca havia sido antes. Comecei a falar muito alto e a gesticular feito um louco, as razões desciam estampadas na minha mente, eu não deixava espaço para ninguém tentar me persuadir de algo diferente. Fiquei abismado depois da sessão, me orgulhei imensamente de mim mesmo, de poder alcançar o grau máximo da sinceridade, e não reprimir minha cólera. Me senti um Beethoven nos seus ataques de cólera. Depois disso me senti brando, calmo, o sangue corria tão alegre pelas veias...
Ora me sinto tão excitado emocionalmente, que desato em risadas, não gargalhadas, para que meus pais não pensem que eu cheguei a um ponto tão crucial. Bom, fato é que percebo que algumas coisas se repetem em mim com alguma frequencia, como esses ataques de riso. São coisas absurdamente idiotas que me fazem rir. Às vezes tenho vontade de ir a algum cemitério, desde garotinho eu sempre adorei ir aos velórios, lá dentro tinha alguém em prantos do lado do caixão, lá fora os outros falavam sobre negócios, contavam piadas, nós ficávamos correndo por dentre os túmulos, alguns ousavam pular em cima deles, eu não tinha nem medo, nem desconsideração, de qualquer forma aquele lugar me atraía e muito.
Por agora, estou absolutamente apaixonado pelo teatro, se pudesse estar todos os dias lá, estaria. Mas nem todos os dias tem espetáculo, nem todos os dias eu posso, nem todos os dias a galera aqui tá disposta a me dar uma carona. Bom, mas quero pular de ponta cabeça nesse mundo encantado e mágico da arte e da loucura, que se danem os outros. Começo com Shakespeare, juntando tudo que peguei dele para ler, soma umas 12 tragédias dele, ora, bom começo. Quero ler o teatro grego, e todos os outros grandes dramaturgos e autores de peças de teatro. Nomes martelam na minha mente: Bakunin, Wagner, Schoppenhauer, Schumann, Thaikovsky, todos apresentavam algum tipo de distúrbio emocional. Eu não admiro esses caras por opção, não, eu simplesmente me identifico com o caráter de cada um deles, que apesar de serem tão diferentes entre si, no fundo não passam de maníacos lunáticos, e é isso que me chama a atenção. Caras como Schubert, Mozart, Kant, Descartes, Haydn, são todos lúcidos, são todos normais, e fato é que eu os admiro na sua arte, no seu pensamento, mas não no seu caráter. Eu não sinto por ter essas inclinações, eu as tenho, as cultivo por saber que são minhas características, jamais quero ser ou voltar a ser hipócrita. Quero ser sincero em todos os lugares, quero seguir meus pensamentos, quero seguir minha arte, minha intuição, minha voz. E nada mais vai tirar essa minha devoção.
Às vezes fico quase depressivo, quero estar longe, questiono o por quê de ter que estar aqui, quando em verdade poderia estar em tantos outros lugares. Era autista, hoje não sou mais. Mas quando pareço estar quase atingindo a lucidez plena de minha existência, tenho crises, não sei em que pensar, não sei que fazer, parece que eu não deveria estar aqui, é como se uma força me privilegiasse com tantos talentos para ter sucesso, e outra força me jogasse na mesmice de todos os dias. Penso às vezes, que se tivesse tido em meus primeiros anos um estudo sistemático, talvez me teria tornado um prodígio. Por vezes imagino que sou um predestinado à castidade e santidade eterna, que devo me aprofundar em estudos religiosos, na busca pela purificação do espírito, pela ascensão espiritual. Penso também que posso ser um novo filósofo, que irá contribuir muito para o pensamento filosófico. Penso que posso ser um compositor ilustre, um pintor, um escritor de contos, alguém que veio para amar outra pessoa e morrer por ela. Ou se sou apenas um louco. Deixe que o tempo fale por mim, vou continuar na minha sinceridade e hei de descobrir quem sou e que missão tenho aqui.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Bons tempos

Saía para fora de casa na certeza de que alguém estaria a me esperar no portão. Era sentar no meio fio e dali dez minutos cercado eu estava, amigos, garotas, crianças, alegria, risos, vida. Todos me olhavam com olhos de gratidão, de bondade, de amizade, de benevolência, de carinho, de amor. Via-lhes nos olhos a alegria de estarem sentados do meu lado. A admiração, o bom estado de nossas almas. A certeza de não estar sozinho, de ter amigos verdadeiros, de tê-los comigo sempre que precisasse. O abraço, o aperto de mão sincero, a brincadeira sem malícia, o olhar jubiloso, a alegria vibrante. Tais eram meus dias. Bons tempos! Parecia tudo tão simples, hoje parece-me que passou tudo tão rápido.
Hoje, ao sair para fora não tenho mais fé em encontrar um sorriso sincero, um aperto de mão digno, um abraço amigo, uma palavra doce, uma sintonia. Tudo que tenho é um aceno de cabeça por obséquio, um bom-dia sem vontade, um aperto de mão rápido e insensível. Esta é minha vida agora, estes são meus dias, sem cor, sem amor, sem vida. Como sou infeliz ..!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Amar

Quem diria hein, depois de tempo sem profundos sentimentos, sem apertos no peito, sem lágrimas nos olhos, sem lugares encantados, sem pensamentos mágicos, sem música com alma, sem calorosas emoções, agora estou aqui com o coração novíssimo outra vez, pronto para amar novamente. E eu a encontrei. Como nunca a vira antes, linda, loira, encantada, perfeita. Sim, ela já está ganhando meu coração, e eu outra vez sem censuras quero me entregar de corpo e alma a esse novo amor. Vale a pena chorar, vale a pena sorrir por um amor, vale a pena sonhar e viver apaixonado, por ela, por todos, pela vida! Tudo é festa quando o amor toca o coração. E eu o sinto outra vez bater, estou abrindo essa porta para ele entrar e fazer daqui sua mais nova morada. Serei o amante mais devoto a ela, não importa quantas vezes quebrei a cara, quantas decepções, quantas mentiras, quantas desilusões, eu amo e continuarei amando. Enquanto esse peito tiver fôlego, enquanto meus lábios puderem se mover, e meus olhos abrirem, eu viverei cantando e sonhando. Flores, corações, violinos, muita música, muita poesia, eu voltei amar. Eu voltei a ver a vida colorida, eu voltei a ser jovem, eu voltei a ser vivo!
Toquem trombetas, voem pássaros, sopre o vento, brilhe o sol, caia a chuva, acenda coração, não temos mais medo de viver por amor. Não temos medo mais de cantar serenatas à janela da bem-amada. Não temos medo mais de ser feliz. Tudo que sabemos, é que a vida é bela enquanto se tem amor. E que cantando, saltando, gritando e sorrindo nós vamos viver a vida! Passem os arames, os buracos na estrada, os rios, a neblina, o pássaro da desilusão, nada fará com que paremos de acreditar que amar e sonhar valem a pena! Que rasque nossa roupa, que molhemos os pés, que saltemos as pinguelas, o importante é viver! E se, porventura, lá na frente estivermos tristes, olhemos pra trás e lembremos: Sofri, me machuquei, estou exausto, mas amei, com todas as minhas forças eu lutei por um amor e venci. Eu vivi a vida!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Impressões!

hôhôhô
Prossegues-te em vantagem
Olha a capa
está suja!
Quão vulneráveis somos!
E com que facilidade nos entregamos!
Hoje, dia de sol, dia de chuva,
Uma voz vem do céu
Eu não a ouço
Mas meu querido a ouve
Ele é minha impressão
Não minha consciência!
Que insensatez seria dizer que impressões são parte da consciência!
Isso é absolutamente subjetivo!
Subjetivo - a mim.
Quanto o sou!
Quanto acredito ser!
Mas uma dama de vermelho estás a caminhar por aquela passarela e a olhar-me!
Talvez me conheça, talvez não.
Ou de uma outra vida, quem sabe.
Azul e alaranjado. Por que essas cores?
Por que não vermelho e verde?
Por que mãe é mãe e pai é pai?
Por que vizinho é vizinho e tia é tia?
Por que eu sou tão infantil e penso ser tão adulto?
haha
Aí está!
Tenho 18 anos, mas nada que faço corresponde a essa idade!
Num minuto sou um garoto de 8 anos e noutro sou um velho de 50!
Nada absolutamente vai fazer eu parar de acreditar que a vida é sim, curta!
E eu também não acredito que esteja a perder meu tempo escrevendo!
E escrevendo ainda pra ninguém ler , porque nunca ninguém entra nesse blog!
Você tem que comentar nuns 50 pra receber um comentário!
Aos diabos com suas idéias!
Eu tenho as minhas, ou não.
Acho que não passam de impressões!
Impressões! Bom título pra esse post!

Obscuro

Terceiro de hoje, foda-se.
A cada instante, um estado de espírito.
A cada volta, uma moeda, um símbolo, uma luz.
Acho que achei uma palavra que me define: obscuridade!
Oh, obscuridade, quão grandiosa sois!
Teus olhos negros escondem a negligência de uma geração incrédula!
Teus passos seguem-me como os me seguiam a luz!
Que tenho eu em querer-te a ti?
Que tens tu em querer que eu te siga?
Tu, que fere meus sonhos em pesadelos!
Que faz do meu pesar o meu desespero!
E que faz despedaçar minha alegria em nada!
Tu, a quem sou grato! A quem detesto!
Que faz eu me contradizer!
Que me mostra o caminho e a luz!
Só quem está em trevas reconhece a beleza da luz!
Já ouvis-te antes?
Não, creio que não.
Unges-me!
Que palavra! Que encanto! Que espetáculo!
Profano, não conheço a ti, retiras tu e teus pertences da minha vida!
Pois ainda tenho anseio das coisas divinas!
E do Evangelho quero fazer minha regra de conduta!
Já deverias tê-lo feito há muito!
Mas a escuridão da loucura e da insensatez me oprime.
Deixa eu ser livre!
Deixa eu ser lúcido!
Lá vou-me outra vez!
Tez!
Preconceito!
Talvez eu o tenha!
Ora, meu pai é!
Que tens?
E a aversão, não te lembras?
Sim, mas não parece tão incômodo!
Tu o tens, sossega-te!

Vós,

Se num momento pretendo estar a teu lado
Perdoai tudo quanto tenho feito de insensato
E não queira eu que teu pai se indignes
Do que tenho feito a ti
Porquanto tudo que tenho feito
Muito e pouco
Tem sido de coração
E assim desejo continuar
Caminhando, olhando, cuidando
E escutando toda voz que brota de dentro da minha alma
Em nada censureis aos que choram
E nem tampouco intente teu coração contra os que buscam
satisfazer-se a si mesmos
Ora, não seguindo o que tu queres
Seguem aos seus corações
E aos seus princípios
E ninguém os deve impedir
Porque em verdade nada são
Mas e nós, que somos?
Uma pergunta insensata,
Que deveras está junta a sua respectiva resposta insensata
Nada temos a querer saber sobre isso
Porque não criamos a nós mesmos.
Ora, vejam, parece-me que estou a ponto de estar lúcido
Mas ainda não o creio de todo
Vejam que aqui estou a escrever
Não o que acho certo
Mas o que me ocorre
Essa é a sinceridade da minha alma
Acho que estou a ponto de resgatar
meu inconsciente através da escrita
Que o sejas
Sinto enquanto escrevo, um calor no rosto
E meus olhos se alternam do teclado ao monitor
Sinto minhas mãos formigarem
E a dor nas costas não é tão evidente,
talvez em virtude da minha postura correta,
porém inconsciente
Ao além com as regras ortográficas, com a pontuação
e com as vírgulas
Devo estar a assassiná-las e a negligenciá-las
Mas que importa
Tudo que quero é minha arte a par da minha sinceridade
Da minha integridade espiritual
É isso
Tantas idéias me ocorrem
Tantas palavras que não cessam de me infernizar
implorando a eu colocá-las em algum lugar,
a exteriorizá-las!
Aí estão vocês, palavras.
Se a fortuna fizer com que algum indivíduo
de espírito piedoso as leiam, tanto melhor
E se assim não for, fiquem aí a esperar.
Concedi a vocês o desejo
Agora deixem-me, aproveitar essa vida
A tirar alguma dúvida lá fora, no mundo,
Onde as coisas acontecem!

A queda

Apascentai os que choram, e chorai com os que se alegram
Falai dos audaciosos e praguejai contra os incrédulos
Berrai a prantos a morte do salvador
E regozijai-vos dos desígnios do mestre
Entrei por dentre as portas da Jerusalém
E habitai nos teus tabernáculos
Sê-de incrédulos filhos, sê-de pacientes
Sê-de queridos, sê-de desejados
Porque nada além do às habita o Ser
E por nada se fará um pranto se querer habitar
no seu tabernáculo.
Que hás de haver
Que farás de ti
Que perfídia habita em tudo quanto fazes
E que zombeteira se torna tua mulher infâmia
Que palavras dóceis e afáveis vês
Que júbilo suave sentis
Quando em verdade nada há que o faça ver
O brilho celeste que brota e desce do celeiro celeste
Olhais, não para os montes
Mas para mim
Que cá estou a ajudar-vos
Pedi o que quereis
Desejais vossas paixões como a quem persegue
O lobo
Estais prontos a fazer o que ordeno
E estejais a ponto de uma só canção entoar
Portanto ide, e falai a todos que precisam ouvir
O que aqui ouvistes
E nunca, nunca
Deixais de olhar o pôr-do-sol
Este é o meu sinal.